segunda-feira, 19 de julho de 2010

Lembranças da Argentina

Outro dia estava me lembrando de minhas viagens,cheguei em Buenos Aires, e fui em uma estação de trens, rumo a San Juan, descobri logo de inicio que la não hablam Trens de Ferro, e sim Ferrocarriles, depois nao se diz San Juan, e sim San Ruan, a letra jota é pronunciada como R. Troquei Cruzeiros por Dolares, e tambem Pesos,que era a moeda da época,no hotel Hilton, comprei a passagem , viajei durante uma semana dentro dos Ferrocarriles, já não tomava mais café, não comia arroz e nem feijão Desci nesta cidade as 11:00 horas da noite, não encontrei hotel, e o frio incomodava bastante. Tentei comprar uma pinga pra esquentar o corpo porem nao existia isto tambem por lá. Consegui dormir numa garagem de ónibus, onde estendi uma rede, e dormi a primeira noite por lá.No outro dia fui morar numa pensão (Pension Benavente), Dona Lola era proprietaria. Fiz amigos, e em especial Hebert e Raul, com os quaisfui trabalhar no ramo de solda, em oficinas de vinhos.Fui obrigado a soltar a lingua, e começar a falar o portunhol. Entener o que los hermanos hablavam era fácil, pero lo contrario, é mui difícil.Sempre Herbet ou Raul, me questionavam, dicendo... habla de pacito para que nosotros lho entendam.E fui assim aos trancos e barrancos fui dominando o idioma deles. Nas fabricas de vinhos, faziamos soldas, esquentavamos o TÊ (chá) e comiamos o queso mantegoso( requeijão).Na pensao, antes de almoçar o jantar, tomavamos uma sopa muito rala, onde podia contar o macarrão no fundo do prato, para logo em seguida se servir de batatas, alfaces, e outras coisas verdes, com pedaços de carne. O chuveiro era a alcool, cada um tinha seu reservatorio de alcool, que colocavamos em um recipiente, colocamos fogo, e um fino filete de agua meio morna, era tudo que tinhamos para tomar o banho. Fomos a festas, casas de amigos, a missa, e o trabalho ia indo.A missa foi difícil de entender, mas aos poucos ia ficando mais fácil. San Juan chegava a ter dois palmos de neve no inverno, perto da Cordilheira dos Andes, onde o vento (LA SONDA) soprava as geleiras e temperava o clima daquela cidade, onde tudo era diferente mesmo.Algumas palavras em português representa palavroes no idioma deles, e não foi poucas as vezes que passe por momentos dificieis com isto lá. Não se pode dizer COLHER, CARRETA. Uma vez Raul me disse assim, diga para a moça que vem la na frente que ela é "Uma Chica mui Rica", assim que eu o fiz, ela me respondeu com cara de brava, referenciando minha genitora com pouco delicadeza, e servindo de motivo de risos para os dois amigos.Lembro-me que tive uma dor de dente horrivel, e fui ao hospital de lá, de onde me arracaram um dente, na marra, e eu pude gritar FDP com toda tranquilidade pois eles nao sabia o significado. Certo final de semana peguei um onibus e fui ver uma corrida de motos, bem proximo da cordilheira dos Andes, lembro-me que fui materia de jornal e de rádio, pois o pessoal de lá nao conheciam brasileiros, e eu me tornava alguem diferente. As perguntas constantes eram sobre futebol, clima brasileiro, costumes etc. Com o tempo isto cansava, e eu ja estava cansado de ser diferente. Fui na padaria , entrei na fila para comprar pão, prestei atençao como eles pediam um pão, e repeti o que a pessoa da frente tinha dito ao vendedor: YO QUERO UN PAN, chegou minha vez, repeti na ponta da lingua: YO QUERO UN PAN, ele perguntou : qual, eu apontei um de aparencia bonita, e nada mais falei. Ai acabaou a fila... e vieram me perguntar: usted nao soy de acá, donde soy?, e isto levava no minimo meia hora.Fiquei alguns meses neste ramo, até resolver trabalhar em um Circo, talves ninguem se lembra deste, mas o nome era CIRCO CASSINO DE SEVILHA.Na primeira noite, como nao tinha uma tenda pra mim, dormi debaixo da jaula de dois leões, forrei o fundo com uma lona, e ao lado de Lhamas, dormi naquele local que parecia quentinho e seguro. Os leões tinham o hábito de ruivar ou grunhir la pelas 3:00 da manhã.Eu os alimentava durante o dia, tomando o cuidado de jogar as carnes a uma distancia segura da jaula, pois se jogasse perto eles, buscavam a comida nas minhas mão, tamanha a força,violência e velocidade com que] agarravam a comida.Meu trabalho era levar ferramentas, e alguns utensilios no palco, regar as passagems do publico com agua e perfumes , aos poucos já tive um trailler.Viajei de San Juan, a San Luiz, dentro de uma carreta com toda ferragem do circo, ao sabor das estrelas e da lua quem era minha companheira. Na próxima contarei sobre minha aventura em San Luiz. Tenho ainda pra contar, sobre Cáceres-MT, San Matias na Bolivia, sobre Buenos Aires. Aproveito para agradecer vários leitores de Santa CAtarina , Rio Grande do Sul que por aqui passam. Quando escrevei aqui sobre UNIBIOTICA, foram varios comentarios destes pessoal do sul, que pediram para escrever mais, e tambem sobre TIBICOS. Devido a variedade dos assuntos,é que as vezes o pessoal localizam este blog, e resolvem comentar.

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